sexta-feira, 15 de maio de 2015

O Encontro com Yoga e Vedanta

O primeiro contato que eu tive com o yoga foi aos 15 anos. Por algum motivo, não lembro exatamente qual, decidi que comer carne não me fazia bem. Talvez por que já tivesse nesta época uma ligação muito forte com os animais e com a natureza, razão pela qual vim a escolher cursar Ciências Biológicas. Sendo assim, fui à uma livraria procurar algum livro que mostrasse esse mundo desconhecido da cozinha vegetariana, e nele encontrei pela primeira vez algo que falava sobre yoga. No entanto, pelas estranhas razões da vida, apenas dois anos depois resolvi procurar algum lugar próximo à minha casa que oferecesse aulas de yoga.

Confesso que não lembro como foi essa primeira experiência, mas com certeza eu devo ter gostado pois continuei fazendo por mais seis meses. Nessa época estava vivendo aquele despertar do vazio interior que acomete quase todos nessa idade e que permanece pelo resto da vida para muitas pessoas. No meu caso não foi diferente. Retornei e saí do yoga muitas vezes durante os 15 anos seguintes, nunca me aprofundando muito na prática. Apesar desse vazio que enchia a minha vida de insatisfação, eu estava mergulhada demais nos meus traumas, nos problemas familiares, nos meus desejos e frustrações para enxergar um pouquinho além dos asanas e do bem-estar momentâneos que a prática me proporcionava. Nessa mesma época, um professor recomendou-me a leitura do livro “Autoperfeição com Hatha Yoga”, do professor Hermógenes, que apesar de ter servido de inspiração me fez pensar que talvez eu não estivesse preparada para tudo aquilo, e realmente não estava; eu precisava sofrer mais um pouquinho.

Aos 30 anos, já com 15 anos de mergulho profundo na ignorância de mim mesma e no sofrimento, descontente com trabalho, com relacionamentos, e com os mesmos questionamentos de sempre, decidi retomar as aulas de yoga. Talvez pela idade, pelas experiências e sofrimentos vividos, ou apenas porque era o momento, passei a enxergar a prática de outra maneira. As posturas já não eram tão importantes pra mim, apesar de sentir-me muito bem nas aulas. Mas tinha algo a mais que sentia que podia encontrar no yoga, pois sempre ao final das aulas surgia uma sensação de que todos os meus problemas estavam resolvidos, mas essa sensação sempre durava até eu atravessar a porta da escola. Então, meu professor na época, me chamou pra fazer a formação de professores. E lá, além do aprofundamento na filosofia, ouvi pela primeira vez sobre vedanta. Mas ainda não estava preparada para aquele conhecimento. O meu entendimento sobre aquilo foi muito raso, era o que eu podia naquele momento.

Fui fazer minha segunda formação com o Tales Nunes, por sentir que não havia compreendido a profundidade do conhecimento que eu estava tendo acesso. Aí sim foi meu contato mais profundo com o estudo. Nesse curso tive o primeiro despertar que me levaria a procurar o estudo de vedanta. Com o yoga fui aos poucos descobrindo que eu não era vítima do mundo, que eu era responsável pelas minhas ações e pela forma como sería tratada pela vida. Mas aí veio também o primeiro grande sofrimento nessa transformação. Sabendo disso, e agora, o que eu faço? Com muitas dúvidas, muitos questionamentos, muitos problemas pessoais, como eu conseguiria lidar com essa nova descoberta? Foi então que encontrei o site do Jonas e vi a oportunidade de resolver este problema.

Assim, achando que finalmente eu iría encontrar a compreensão de tudo, de que todos meus problemas estariam resolvidos porque finalmente eu teria acesso a este conhecimento...mais uma desilusão. Ao contrário do que imaginava, um turbilhão de novos sofrimentos, questionamentos, dúvidas vieram à tona. E isso é ruim? Quando se está no meio do furacão, sim! Mas quando passa a gente percebe que sobreviveu, que amadureceu um pouquinho mais, que está bem melhor do que antes, agradece por tudo que passou, e fica pronta para a próxima “enxurrada de realidade”. É um processo muito difícil, mas muito libertador, pois ao mesmo tempo que parece que tudo está ficando pior e mais confuso, vem a certeza cada vez maior de que tudo vai ficar bem. Então talvez este seja um sinal de que o caminho está só começando, mas indo na direção certa.

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